Atualmente as mídias têm noticiado cada
vez mais casos de violências em separações conjugais litigiosas. Muitos
ex-cônjuges, movidos pela mágoa, raiva e ressentimento, afastam e até mesmo instigam os filhos contra o ex-parceiro
(a) em nome de uma pseudo – lealdade. Esse texto visa propor algumas sugestões
práticas para que os próprios pais auxiliem os filhos a minimizar os efeitos
negativos que a uma separação conjugal pode causar.
A separação conjugal em geral decorre de um
processo de meses e até anos de insatisfação e desencontros. Muitas vezes o
casal nem se dá conta de que de fato já está separado há anos mas ainda vive
junto por questões de acomodação e medo do novo, do incerto, da solidão dentre
outras coisas. Não raro justificam a manutenção do casamento em favor dos
filhos.
Tomar a decisão de se separar raramente é
fácil. O fim de um casamento implica em frustração, pois é quando caem por
terra todas as expectativas e sonhos de toda uma vida em comum. Nesse mar de
decepção é bastante comum aflorarem sentimentos de raiva, rancor, culpa, pois
não é fácil assumir as próprias falhas, além de ser mais cômodo responsabilizar
o outro pelo fracasso de seu projeto de vida em comum. Esse ambiente torna-se
propício ao surgimento de violências psicológicas e até mesmo físicas, que
machucam e causam cicatrizes que jamais se apagam da memória do sujeito,
principalmente quando envolve os filhos.
Para buscar diminuir os efeitos negativos
que uma separação pode causar nos filhos, sejam eles crianças ou adolescentes, propomos
algumas sugestões para que os próprios pais auxiliem seus filhos a passarem por
essa etapa da vida de maneira menos traumática e dolorosa possível.
Evite discutir na frente dos filhos. Por
mais difícil que seja, procure controlar-se, pois mesmo os bebês são capazes de
captar o tom de voz alto e o clima de tensão. Somos humanos e o autocontrole
nem sempre é uma coisa fácil, mas seus filhos valem esse esforço. Afaste-se
quando estiver irritado ou marque uma conversa num local público, como um
restaurante. Isso fará com que a pessoa controle um pouco mais seu tom de voz e
suas reações.
Apenas conte a seus filhos sobre a
separação quando esta for uma decisão final. Ambos os pais devem falar com seus
filhos sobre esse assunto, mas planeje antes como, quando e onde irão
conversar, respeitando a capacidade de entendimento do filho de acordo com sua
faixa etária.
É importante que haja coerência entre o
que se diz e o que se faz. Isso evita que as crianças fiquem confusas ou que
utilizem “artimanhas” para burlar as regras. Essa medida reduz os efeitos
negativos que uma má comunicação pode causar.
É fundamental que os filhos não fiquem
sabendo da separação dos pais através de terceiros. Deve-se deixar muito claro
para as outras pessoas que convivem com as crianças que elas não devem tocar
nesse assunto antes dos pais.
Os pais devem colocar-se disponíveis para
responder às perguntas dos filhos. Porém deve-se ter bom-senso e poupá-los de
detalhes privados, constrangedores e desnecessários. O ex-casal deve respeitar
a si mesmo e sobretudo aos filhos.
Deve-se permitir que os filhos extravasem
seus sentimentos. Cada um tem uma forma pessoal de fazer isso. Por mais
doloroso que seja, permita que os filhos chorem e que deem vazão à frustração.
A prática de esportes, brincadeiras e artes (música, desenho, pintura,
massinha) podem ajudar bastante.
Estabelecer uma parceria com a escola é muito
importante. Uma reunião com o coordenador educacional ou psicólogo da escola
para informar sobre a separação é fundamental para sensibilizar sobre o momento
da criança/adolescente e contar com a compreensão e colaboração da escola em
prol de seu bem-estar.
Mostre a seu filho que mesmo separado de
seu parceiro (a), você sempre estará presente e nunca deixará de amá-lo. Seja
acolhedor e esteja sempre de braços abertos, pois ele irá precisar muito de
você nesse período de transição.
Não hesite em buscar um tratamento
psicoterapêutico caso sinta que não está conseguindo suportar as dificuldades
da separação. Em primeiro lugar é preciso estar equilibrado e sob controle para
poder lidar com a dor dos filhos. Reconhecer os próprios limites e buscar ajuda
é um ato de sabedoria.
Concluindo, quando uma separação acontece,
todo o sistema familiar é afetado pelas mudanças decorrentes desse processo,
principalmente as crianças e os adolescentes. É fundamental conscientizar os
pais de que eles têm a capacidade de tornar essa vivência menos traumática para
seus filhos, pois é muito difícil para uma criança a sensação de ter perdido
sua família. Apesar de não existir uma receita para poupar os filhos do
sofrimento, é possível minimizar a dor. Por isso, os pais devem mostrar a seus
filhos que mesmo separados, eles serão seus pais para sempre e que jamais os
abandonarão. A extensão do sofrimento dos filhos vai depender também da atitude
dos pais, pois aqueles que forem capazes de dialogar com o ex-cônjuge de forma
madura e dividir entre si as responsabilidades relacionadas aos filhos, terão
maior probabilidade de minimizar o sofrimento destes, ajudando-os a perceber as
mudanças relacionadas a essa nova etapa da vida de uma forma menos dolorosa.
Referências
Bibliográficas
FUKS, B. B. Alienação
parental: a família em litígio. Polêmica, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 56 - 73, jan./mar.
2011. Disponível em: ˂http://www.polemica.uerj.br/ojs/index.php/polemica/rt/printerFriendly/85/168˃Acesso em: 27 mai. 2013.
NASIO, J.D. Como
agir com um adolescente difícil? Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
REYNOLDS, L.S. Ainda somos uma família.
Rio de Janeiro: Sextante, 2013.
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