terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ousar e exibir: uma análise sobre a transgressão nos dias de hoje




O mais novo filme de Sofia Coppola “ The Bling Ring - a gangue de Hollywood ” é baseado em fatos reais e aborda a história de cinco jovens americanos de classe média que seduzidos pela fama e pelo glamour preconizado pela mídia, decidem invadir e furtar mansões de celebridades.

O objetivo dos jovens não é não apenas provar um pouco desse universo mágico do luxo, mas principalmente divulgar nas redes sociais suas façanhas. Para eles não basta transgredir. É preciso ostentar a transgressão como se fosse um troféu e com isso conquistar popularidade e admiração.

O comportamento de ostentar a transgressão independe da classe social e também pode ocorrer em outras culturas. Aqui mesmo no Brasil, na semana passada, veiculou a notícia de criminosos de comunidades do Rio de Janeiro que usam as redes sociais para postar fotos portando armas e praticando outras atividades ilícitas. 

No grupo de referência dos traficantes, para ser admirado o sujeito deve ser destemido, ousado, ter dinheiro para comprar roupas de marca, sustentar a família, ter muitas meninas bonitas, dentre outras coisas. Com isso ele conquista o respeito dos demais moradores da comunidade, mesmo que seja através do medo.

No caso dos reais protagonistas de The Bling Ring, o valor está atrelado ao culto à alienação contemporânea que reforça comportamentos auto-centrados e prioriza a coisa (consumo) em detrimento da pessoa (identidade). Dessa maneira o valor de cada sujeito está naquilo que ele tem e não em quem ele é. Para ser admirado é preciso enquadrar-se em padrões rígidos e ao mesmo tempo superficiais: ser rico, famoso, magro, usar objetos de grifes luxuosas, etc.

Portanto, na atualidade observamos a profecia de Andy Warhol tomar cada vez mais corpo: “ no futuro todos terão seus quinze minutos de fama “.  Mesmo que seja através de um delito.

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