sexta-feira, 11 de março de 2016

A separação conjugal e os filhos: é possível aliviar a dor?

Foto: American Association for Marriage & Family Therapy

Atualmente as mídias têm noticiado cada vez mais casos de violências em separações conjugais litigiosas. Muitos ex-cônjuges, movidos pela mágoa, raiva e ressentimento, afastam e até mesmo instigam os filhos contra o ex-parceiro (a) em nome de uma pseudo – lealdade. Esse texto visa propor algumas sugestões práticas para que os próprios pais auxiliem os filhos a minimizar os efeitos negativos que a uma separação conjugal pode causar.

A separação conjugal em geral decorre de um processo de meses e até anos de insatisfação e desencontros. Muitas vezes o casal nem se dá conta de que de fato já está separado há anos, mas ainda vive junto por questões de acomodação e medo do novo, do incerto, da solidão, questões financeiras, dentre outras coisas. Não raro também justificam a manutenção do casamento em favor dos filhos.

Tomar a decisão de se separar em geral não é nada fácil. O fim de um casamento implica em frustração, pois é quando caem por terra todas as expectativas e sonhos de toda uma vida em comum. Nesse mar de decepção é bastante comum aflorarem sentimentos de raiva, rancor, culpa, pois não é fácil assumir as próprias falhas, além de ser mais cômodo responsabilizar o outro pelo fracasso de seu projeto de vida em comum. Esse ambiente torna-se propício ao surgimento de violências psicológicas e até mesmo físicas, que machucam e causam cicatrizes que jamais se apagam da memória do sujeito, principalmente quando envolve os filhos.

Para buscar diminuir os efeitos negativos que uma separação pode causar nos filhos, sejam eles crianças ou adolescentes, propomos algumas sugestões para que os próprios pais auxiliem seus filhos a passarem por essa etapa da vida de maneira menos traumática e dolorosa possível.

Evite discutir na frente dos filhos. Por mais difícil que seja, procure controlar-se, pois mesmo os bebês são capazes de captar o tom de voz alto e o clima de tensão. Somos humanos e o autocontrole nem sempre é uma coisa fácil, mas seus filhos valem esse esforço. Afaste-se quando estiver irritado ou marque uma conversa num local público, como um restaurante. Isso fará com que a pessoa controle um pouco mais seu tom de voz e suas reações.

Apenas conte a seus filhos sobre a separação quando esta for uma decisão final. Ambos os pais devem falar com seus filhos sobre esse assunto, mas planeje antes como, quando e onde irão conversar, respeitando a capacidade de entendimento do filho de acordo com sua faixa etária.

É importante que haja coerência entre o que se diz e o que se faz. Isso evita que as crianças fiquem confusas ou que utilizem “artimanhas” para burlar as regras. Essa medida reduz os efeitos negativos que uma má comunicação pode causar.

É fundamental que os filhos não fiquem sabendo da separação dos pais através de terceiros. Deve-se deixar muito claro para as outras pessoas que convivem com as crianças que elas não devem tocar nesse assunto antes dos pais.

Os pais devem colocar-se disponíveis para responder às perguntas dos filhos. Porém deve-se ter bom-senso e poupá-los de detalhes privados, constrangedores e desnecessários. O ex-casal deve respeitar a si e, sobretudo, aos filhos.

Deve-se permitir que os filhos extravasem seus sentimentos. Cada um tem uma forma pessoal de fazer isso. Por mais doloroso que seja, permita que os filhos chorem e que deem vazão à frustração. A prática de esportes, brincadeiras e artes (música, desenho, pintura, massinha) podem ajudar bastante.

Estabelecer uma parceria com a escola é muito importante. Uma reunião com o coordenador educacional ou psicólogo da escola para informar sobre a separação é fundamental para sensibilizar sobre o momento da criança/adolescente e contar com a compreensão e colaboração da escola em prol de seu bem-estar.

Mostre a seu filho que mesmo separado de seu parceiro (a), você sempre estará presente e nunca deixará de amá-lo. Seja acolhedor e esteja sempre de braços abertos, pois ele irá precisar muito de você nesse período de transição.

Não hesite em buscar um tratamento psicológico caso sinta que não está conseguindo suportar as dificuldades da separação. Em primeiro lugar é preciso estar equilibrado e sob controle para poder lidar com a dor dos filhos. Reconhecer os próprios limites e buscar ajuda é um ato de sabedoria.

Concluindo, quando uma separação acontece, todo o sistema familiar é afetado pelas mudanças decorrentes desse processo, principalmente as crianças e os adolescentes. É fundamental conscientizar os pais de que eles têm a capacidade de tornar essa vivência menos traumática para seus filhos, pois é muito difícil para uma criança lidar com a sensação de ter perdido sua família. Apesar de não existir uma receita pronta para poupar os filhos do sofrimento, é possível minimizar a dor. Por isso, os pais devem mostrar a seus filhos que mesmo separados, eles serão seus pais para sempre e que jamais os abandonarão. A extensão do sofrimento dos filhos vai depender também da atitude dos pais, pois aqueles que forem capazes de dialogar com o ex-cônjuge de forma madura e dividir entre si as responsabilidades relacionadas aos filhos, terão maior probabilidade de minimizar o sofrimento destes, ajudando-os a perceber as mudanças relacionadas a essa nova etapa da vida de uma forma menos dolorosa.

Mônica Vidal  é Mestre em Psicologia pela UFRJ e Especialista em Terapia Sistêmica de Família e Casal pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

Referências Bibliográficas

FUKS, B. B. Alienação parental: a família em litígio. Polêmica, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 56 - 73, jan./mar. 2011. Disponível em: ˂http://www.polemica.uerj.br/ojs/index.php/polemica/rt/printerFriendly/85/168˃.
NASIO, J.D. Como agir com um adolescente difícil? Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
REYNOLDS, L.S. Ainda somos uma família. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A influência das inovações tecnológicas sobre o comportamento humano


Foto: novoempreendedor.com
Desde os primórdios a utilização das tecnologias promove mudanças na constituição do Homem, influenciando seu comportamento, sua cultura, suas relações sociais e sua subjetividade. Esse texto possui o objetivo de fazer algumas reflexões sobre a forma como as inovações tecnológicas atuam no cotidiano do ser humano, alterando o modo de estar-no-mundo do Homem pós-moderno.
Inicialmente buscamos na Antropologia uma base para melhor analisarmos a relação entre o Homem e as tecnologias. Segundo Cosentino (2006), as tecnologias atuais consistem em uma sucessão de desdobramentos das ferramentas fabricadas pelos nossos ancestrais coletores e caçadores.  A capacidade de produzir e utilizar ferramentas não é exclusividade do Homo Sapiens, pois outras espécies como primatas, demais mamíferos e até algumas aves também possuem essa habilidade. O uso dessas ferramentas propiciou uma modificação na dieta - anteriormente herbívora - e fez com que aumentasse as fontes de energia que resultou na maior expansão e evolução do cérebro. As primeiras ferramentas fabricadas pelo Homem estavam basicamente relacionadas à alimentação e serviam para cortar a carne e desossar carcaças. Como podemos observar, a criação e o uso das ferramentas supostamente alteraram e intensificaram o conhecimento, bem como as trocas sociais, visto que o Homem é uma espécie que se organiza em sociedade. Essa forma de organização, segundo Foley (1996), também está relacionada à evolução cerebral da espécie humana.
A evolução biológica, as formas de organização social, a fabricação de ferramentas, a evolução cultural e a transmissão de conhecimentos são fenômenos interconectados, onde um aspecto influencia e é influenciado pelo o outro de maneira sistêmica. Deste modo, podemos afirmar que as inovações tecnológicas de um modo geral produziram um “novo Homem”, já que estas foram (e são) capazes de transformar tanto o ambiente quanto o comportamento ao longo do processo evolutivo de nossa espécie.
O uso do computador e da Internet influenciou significativamente as relações humanas, sobretudo no que se refere à comunicação. No entanto, nenhuma outra forma de comunicação pode ser considerada mais natural do que aquela que acontece “cara a cara”. Por isso, Knock (2001) comenta que as demais formas de comunicação, incluindo aquelas que são mediadas pelo computador, demandam um esforço cognitivo muito maior do que aquele que seria requerido naturalmente na comunicação “cara a cara”. Por outro lado, o autor ainda afirma que o conhecimento que adquirimos por intermédio de nossas relações com o meio também influencia a percepção de naturalidade da mídia e faz com que o Homem aprenda diferentes formas de comunicação apesar da estranheza que inicialmente possa sentir. Isso mostra que o Homem é capaz de se adaptar biologicamente às transformações promovidas pelo rápido desenvolvimento das tecnologias. Portanto, as tecnologias influenciam o Homem assim como o Homem também influencia o desenvolvimento das tecnologias.
Como as tecnologias marcam a cultura e nos influenciam de forma inevitável, a humanidade não poderá e nem desejará se desvencilhar dos equipamentos, sistemas e processos (Marcondes Filho, 2001). Esses equipamentos já fazem parte de nosso cotidiano e perpassam nossas relações tanto no espaço presencial quanto no virtual. Com isso, faz-se necessário abordar conceitualmente a diferença entre Virtual, Real e Presencial.
Com base na definição de Lévy (1999), o virtual é uma dimensão da realidade. Nas palavras do autor:
“Em geral acredita-se que uma coisa deva ser real ou virtual, que ela não pode, portanto, possuir as duas qualidades ao mesmo tempo. Contudo, a rigor, em filosofia o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual: virtualidade e atualidade são apenas dois modos diferentes da realidade”. (p.47).
Em consonância com o pensamento do autor, entendemos o virtual como uma possibilidade do real. Quando um paciente com diagnóstico de esquizofrenia tem uma alucinação, por exemplo, essa percepção faz parte de sua própria realidade, embora esta não possa ser percebida por outra pessoa. É uma experiência que faz parte da realidade dele e é tão válida quanto qualquer outra realidade apesar de não ser percebida por todos.
O Real, por sua vez, representa o todo da realidade, ou seja, engloba os aspectos virtuais e não-virtuais. A vida real de uma pessoa envolve tanto sua vida virtual quanto sua vida presencial.
O conceito de Presencial se refere aos encontros que acontecem no espaço físico, bem como os acontecimentos, relacionamentos e comportamentos que não são mediados pelo computador, como as interações “cara a cara”, por exemplo.
A questão da interseção entre o mundo Virtual e o mundo Real pode ser melhor compreendida à luz da origem e desenvolvimento do ego proposta por Winnicott (1975). Em linhas gerais, a experiência de ser amamentado por diversas vezes faz com que o bebê perceba a existência de ciclos rítmicos de bem-estar / mal-estar. Logo, ele percebe que ao chorar, ele é amamentado e tem sua necessidade de alimentação satisfeita. Com isso, o bebê passa a antecipar o que acontecerá quando ele chorar e aprende a esperar quando a mãe passa a frustrar suas expectativas de ser alimentado imediatamente. Nesse intervalo entre o desejo de ser alimentado e o tempo esperado até ter seu desejo satisfeito, abre-se um espaço mental de fantasia. Esse espaço de representação é um espaço potencial, onde os objetos externos (seio da mãe) passam a adquirir uma representação interna.  O ego do bebê é interno e externo ao mesmo tempo, ou seja, ainda não há uma diferenciação entre o “eu” e o “não eu”. Mais tarde, através da brincadeira, a criança passa a experimentar papéis, sentimentos e possibilidades. O brincar passa a ser um lugar transicional onde a criança ensaia sua existência e descobre no espaço potencial (que não é nem externo e nem interno), as regras do mundo externo e do interno. Safra (2006) sugere que esse espaço potencial gerado pela criança no ato da brincadeira, seria o que se entende por espaço virtual, pois à frente do computador, o internauta encontra-se sozinho e ao mesmo tempo em relação com o outro distanciado. Esse espaço transicional, onde o outro encontra-se suficientemente distanciado, permite que o eu do internauta se expresse de maneira mais livre e ao mesmo tempo mais protegida do que se essa relação acontecesse de forma presencial.
Por fim, concluímos que as inter-relações humanas perpassam o mundo virtual e o presencial, uma vez que ambos se interconectam e se influenciam mutuamente. As inovações tecnológicas deixam marcas nas culturas e influenciam novas formas de pensar, agir e de estar-no-mundo. A ampla difusão das tecnologias e o impacto causado por elas na subjetividade demanda dos psicólogos novos estudos sobre os fenômenos psicológicos resultantes das influências destas na vida e no comportamento humano como um todo. Cabe a nós, profissionais da saúde mental, refletirmos e pesquisarmos sobre as possibilidades e os limites das novas tecnologias nas nossas práticas a fim de utilizá-las da melhor maneira possível, já que estas são uma realidade já instalada no universo de todos nós. 
Referências Bibliográficas: 
COSENTINO, L. Aspectos evolutivos da interação homem-máquina: tecnologia, computador e evolução humana. In: Psicologia e Informática: produções do III Psicoinfo e II Jornada NPPI. 1ª ed. São Paulo: Conselho Regional de Psicologia, p. 61-71, 2006.
FARAH, R. Ciberespaço e seus navegantes: novas vias de expressão para antigos conflitos humanos. 2009. Dissertação (mestrado em Psicologia Clínica) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.
FARAH, R. ; FORTIM, I. (Orgs.) Relacionamentos na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2007.
MARCONDES FILHO, C. Haverá vida após a Internet? Famecos, Porto Alegre, n. 16, p. 35-34, dez. 2001.
Saiba mais sobre a autora: 
Mônica Vidal é mestre em Psicologia pela UFRJ, Orientadora Profissional associada à ABOP (Associação Brasileira de Orientação Profissional) e Especialista em Terapia Sistêmica de Família e Casal pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Contato: monicavidalpsi@gmail.com

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A fobia de ficar longe do celular


(Foto: Pixabay)


Entrevista sobre Nomofobia (vício em celular) concedida ao jornalista Nycolas Santana para o site
 Opinião E Notícia

Nos últimos anos, avanços tecnológicos têm tornado os celulares cada vez mais indispensáveis. O acesso à internet nos aparelhos ampliou as possibilidades de comunicação, mas essa rápida evolução também gerou um novo problema. Para muitos, a obsessão pelo celular é tão intensa que se caracteriza como um quadro de dependência com efeitos similares às drogas pesadas, como ansiedade, perda de contato social e até mesmo depressão, além de outras consequências físicas e mentais que se agravam com o uso prolongado do celular.

O alerta é feiro pela psicóloga clínica Mônica Vidal, mestranda em Comportamento e Cognição Humana na Universidade de Barcelona, que em entrevista ao Opinião e Notícia apresentou um novo transtorno do século 21: o medo de se afastar do telefone celular, ou a “nomofobia”, uma palavra derivada da expressão em inglês No Mobile Phobia“Esse transtorno é caracterizado pelo medo irracional de permanecer isolado e desconectado do mundo virtual”, define a psicóloga.

Tecnologia móvel

Segundo um levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em 2014 haviam 273,58 milhões de telefones celulares ativos no Brasil, superando o número de habitantes no país e 10 milhões a mais que no ano anterior.

Em uma recente pesquisa de conectividade, a empresa americana do ramo da tecnologia de celulares Qualcomm relevou que o Brasil é o quarto país mais conectado da América Latina e o 44º do mundo, em um ranking de 73 países. Na classificação, o Brasil está como intermediário – as classificações possíveis são ultraconectado, avançado, intermediário e emergente –, mas a pesquisa indica que o Brasil tende a avançar rapidamente nessa questão.

Com uma conectividade maior, o acesso à informação se torna mais fácil. Para Mônica, o acesso à internet, facilitado pelas tecnologias móveis, faz com que “o usuário não seja somente um consumidor de informação, mas também gerador de conteúdo” em um mundo hiperconectado.

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Segundo a Qualcomm, o Brasil é o 4º país mais conectado da América Latina (Foto: ITU Pictures)
O aumento da velocidade de circulação da informação também influi na percepção do tempo. Para a psicóloga, há uma necessidade de imediatismo por parte das pessoas que se expõem demais à tela do celular. “Se uma pessoa envia uma mensagem e você não responde imediatamente, fica uma situação desconfortável”, diz a psicóloga.

“As relações digitais também dão uma ilusão de companhia, o que pode provocar relações superficiais entre as pessoas”, acrescentou. Uma das características da nomofobia é a tendência a supervalorizar os relacionamentos e as atividades online em detrimento das atividades presenciais.

Além disso,  a pessoa exposta ao celular pode perder a noção do tempo, o que ela classifica como “um estado alterado da consciência” que ocorre quando a pessoa se mantém em “um estado progressivo de contemplação”. “Por isso as pessoas ficam conectadas mais tempo do que pretendiam estar”, diz.

Características da nomofobia

“A pessoa que tem nomofobia apresenta um quadro semelhante à síndrome de abstinência de pessoas que são usuárias de drogas, trazendo um comprometimento tanto da saúde física quanto mental, além das esferas psicológicas, sociais e comportamentais”, afirma a psicóloga. “Geralmente a nomofobia está associada a outro transtorno, como ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, transtorno obsessivo compulsivo, bipolaridade, depressão, entre outros.”

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Uma das características da nomofobia é o isolamento de atividades diárias (Foto: Pixabay)
Os principais sintomas da nomofobia são a sensação de vazio existencial, angústia, desespero, irritabilidade, baixa autoestima, rejeição e também problemas físicos, como dores na coluna, torcicolo, lesão por esforço repetitivo, tremores, insônia, náusea, estresse, sudorese, tensão muscular, ressecamento de retina e perda auditiva.

Há sinais que indicam quando a pessoa pode ter nomofobia, como por exemplo, a checagem constante do celular, a procrastinação de tarefas diárias e o isolamento de atividades sociais.

A psicóloga alerta que a exposição exagerada compromete o rendimento escolar ou profissional, além de prejudicar o sono.  “A pessoa não consegue se desligar mentalmente da sua vida online. Ela chega a sonhar com o que fez no celular”, diz.

Segundo uma pesquisa da empresa francesa Ipsos, 18% dos brasileiros acima de 16 anos entrevistados em 70 cidades admitiram ser dependentes de seus celulares. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013, 66% da população brasileira acima de 10 anos tem pelo menos um celular.

Tratamento

Mônica admite que na atual configuração social, há uma dificuldade de se distanciar das tecnologias móveis. No entanto, ela recomenda que as pessoas procurem um uso produtivo, que não comprometa a qualidade de vida. A psicóloga sugere limitar o uso diário para equilibrar a vida social e online.

O primeiro passo para tratar a nomofobia é reconhecer o problema e buscar uma solução. “Não tem como ajudar uma pessoa com algum problema se ela não reconhece que ela tem um”, diz. A partir daí, a pessoa pode ser levada para acompanhamento psicológico, ou se o quadro for mais grave, psiquiátrico, com uso de medicação para reduzir os níveis de ansiedade. Mônica também considera o apoio familiar fundamental para o tratamento.

Outra maneira de combater o vício está no próprio uso dos celulares, através de aplicativos que limitam o uso diário do aparelho, como o Break Free, Mental e Moment. No entanto, a psicóloga destaca que os aplicativos não substituem o tratamento psicológico.


Cuidado com crianças e adolescentes

O nível de atenção à exposição aos dispositivos móveis deve ser ainda maior para crianças e adolescentes. “A exposição excessiva das crianças e dos adolescentes pode causar danos e prejuízos no desenvolvimento do cérebro, comprometendo a atenção e o foco”, afirma Mônica.

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Crianças e adolescentes correm o risco de acessar conteúdos impróprios (Foto: Pixabay)
Em relação ao tempo de exposição ideal aos celulares, tablets e até mesmo à televisão, ainda não há uma recomendação padrão. É preciso usar o bom senso.

“Em média, é recomendável que crianças de um a dois anos de idade se exponham a no máximo 20 minutos e crianças de três a quatro anos até duas horas por dia”.

A psicóloga também alerta para possíveis casos de cyberbullying e de divulgação imprópria de conteúdo entre jovens, o que também resulta de uma exposição longa às tecnologias móveis. “Uma vez que um conteúdo cai na rede, você perde o controle sobre ele”, alerta.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A geração conectada

 

As crianças de hoje são consideradas nativas digitais porque nasceram em um contexto em que as novas tecnologias já estão inseridas em nossa cultura e naturalmente fazem parte da vida de um grande número de pessoas. Porém até que ponto o uso cada vez mais precoce de aparelhos como tablets e smartphones pode afetar o desenvolvimento infantil? Existe um limite a ser imposto?

O uso excessivo de tablets e smartphones por crianças pequenas não é aconselhável porque pode afetar o processo de desenvolvimento natural do cérebro, o que compromete a aprendizagem, aumenta a impulsividade e favorece o surgimento de transtornos como o de déficit de atenção. Bebês ainda não possuem estrutura física para aproveitar as brincadeiras com aparelhos eletrônicos, pois até os 6 meses a visão ainda não está desenvolvida o suficiente para que consigam focar a tela. 

Porém sabemos que não é possível proibir totalmente o uso desses aparelhos, pois vivemos em uma era conectada e as crianças fazem parte dela. Além disso os pequenos são curiosos por natureza: tudo é novidade e gostam de descobrir o mundo e festejar seus achados. 

Durante a primeira infância a família exerce grande influência sobre as atitudes e comportamentos da criança porque representa o primeiro núcleo de contato com o mundo fora da barriga da mamãe. Por isso recomendamos que os próprios pais limitem seu tempo de uso de aparelhos eletrônicos, principalmente se estiverem na presença da criança, pois ela vai querer fazer igual. 

Caso a criança demonstre interesse pelo aparelho, apresente-o naturalmente pois para ela trata-se de apenas mais um brinquedo. Inclusive há aplicativos que estimulam o aprendizado através da música, de historinhas ou de joguinhos; porém fique atento à classificação etária para ver se está adequada à idade de seu filho. 

Crianças pequenas gostam de música de ritmo constante, repetido e rimas simples. Evite aplicativos e jogos barulhentos, com sequências muito rápidas, porque provocam grande excitação e podem parecer assustadores aos olhos e ouvidos ainda bastante sensíveis dos pequenos.

Os pais possuem competência para saber o que é melhor para seus filhos. Portanto caso você decida permitir que seu pequeno brinque com smartphones/tablets, recomendamos que o tempo de exposição não exceda a 20 minutos para crianças de 1 a 2 anos. Para as crianças maiores (3 a 4 anos) é possível permitir até 2 horas por dia de exposição a telas em geral, incluindo a da TV e dos demais aparelhos. 

Não há problema quando o aparelho se transforma em um brinquedo, mas ele não deve ser o único brinquedo. Ofereça à criança diferentes opções de entretenimento e lazer incluindo passeios e atividades ao ar livre. A criação de jogos e novas brincadeiras fora do contexto tecnológico incentiva a imaginação e a fantasia que são fundamentais para o bom desenvolvimento físico e mental. 

Uma boa dica é promover uma oficina de criação de brinquedos, onde a criança constrói seu próprio brinquedo a partir de materiais não estruturados: papelão, fitas coloridas, elástico, papel crepom, etc. Depois de confeccionados os brinquedos podem ser trocados entre os coleguinhas, o que estimula o desapego, a generosidade e o aprendizado de boas regras de convívio social. Isso sem mencionar o orgulho de criar um brinquedo legal com suas próprias mãozinhas!

Por fim, recomendamos que o uso de aparelhos tecnológicos sejam sempre supervisionados por um adulto responsável, principalmente se ele estiver conectado à internet, pois mesmo que os pequenos dominem de maneira espontânea seu manuseio, ainda não têm maturidade suficiente para saber os limites entre o certo e o errado e o que devem e não devem fazer na rede. Isso os torna alvos fáceis de abusadores e outros criminosos. Esse é um alerta importante em todas as idades.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O boicote nosso de cada dia



As desculpas do tipo " eu não tenho tempo " são formas, muitas vezes inconscientes, de boicotar a si mesmo. Esse boicote acontece devido ao medo de se arriscar e de sair da sua zona de conforto. Esse comportamento te protege da frustração mas ao mesmo tempo faz com que você não evolua, não cresça e fique estagnado. Não tenha medo de ir atrás dos seus sonhos e se não der certo da primeira vez, tente várias vezes até conseguir. Lá no fundo você sabe que tem tempo sim pra ir atrás dos seus sonhos; portanto chega de esperar, pois a vida passa muito rápido. Evite lamentar-se no futuro pelas coisas que você sempre quis mas nunca fez alegando falta de tempo.

domingo, 29 de março de 2015

Organização e método



Bons resultados dependem de organização método. Evite o pânico pelo acúmulo de tarefas. Solucione primeiro os problemas mais simples e reserve um tempo maior para os mais complexos. Que tal começar agora?